processos fotomecânicos: fotogravura

O texto a seguir se trata de um roteiro com apontamentos oferecido durante a oficina “processos fotomecânicos: fotogravura” ministrada por mim durante o curso Conservação de fotografias em processos históricos e contemporâneos, coordenado por Leandro Melo em parcecia com a ABER / SENAI em março de 2015.

História resumida da fotogravura

  • Processo fotomecânico que provém da água-tinta (técnica da gravura em metal).
    Inventado por William Henry Fox Talbot (Inglaterra, 1800–1877) e Karel Klíč (República Tcheca, 1841–1926).
  • Talbot é o responsável por duas importantes descobertas enquanto aperfeiçoava a técnica da fotogravura. Ele utilizou uma tela de retícula, que mais tarde deu origem ao halftone. E a gelatina dicromatada que até hoje é utilizada.
  • Em 1858 ele modifica o processo, abandona a rede de pontos (retícula) e passa a usar uma resina em pó que adere na chapa gelatinada com o calor. Ao gravar no ácido essa chapa com a resina, o resultado é a formação irregular de grãos que pode ser observada com um conta-fios (é a mesma textura da água-tinta). Ele também faz uma alteração no processo de gravação da chapa, incluindo uma série de banhos de percloreto de ferro em diferentes concentrações para aumentar a escala tonal da imagem.
  • Charles Nègre publica sua versão do processo da fotogravura em La Lumière (1854). Nègre elimina a resina utilizando o aço gravado que já possui a textura granulada. Porém esse método com frequência necessitava de muito retoque na matriz antes da impressão.
  • O grande avanço ocorreu em 1879, quando Klíč combinou os elementos do processo de fotogliptia de Talbot com o uso do resist das impressões em carvão (carbon tissue). Ele passou a aplicar o breu diretamente sobre o cobre, e depois aderia à chapa o resist (gelatina). Esse é o processo utilizado ainda hoje para gerar uma impressão de alta qualidade fotográfica para reproduções de obra de arte. Nesse ano ele anunciou o processo.
  • Muitos pesquisadores desenvolveram outras versões de fotogravura, porém nenhuma alcançou o sucesso do processo de Talbot-Klíč.
  • O processo de fotogravura Talbot-Klíč deu origem à rotogravura, uma adaptação do processo para o uso industrial.
  • Outra variação da fotogravura, foi desenvolvida em 1989 por Eli Ponsaing, que utiliza um fotopolímero (material fotossensível). É um processo mais rápido e seguro, porém o resultado é inferior ao da fotogravura em cobre de Talbot e Klíč.
  • Um grande fotogravador do século XX é o Jon Goodman. Ele produziu a famosa série do México de Paul Strand.

Como identificar uma prova de fotogravura?

  • Uma boa fotogravura possui a qualidade de uma fotografia, com ampla escala tonal. Porém não possui os elementos fotossensíveis, uma fotogravura é constituída por papel e tinta.
  • A superfície é mate (fosca) e pode ser impressa em qualquer cor. A grande maioria das provas impressas conhecidas são em preto, em tonalidades castanhas, ou em verdes e azuis escuros, imitando tons familiares de fotografias com ou sem viragem.
  • Uma importante dica para identificar uma fotogravura é a marca em relevo que a placa deixa no papel (plate mark), resultado da alta pressão das prensas cilíndricas. A existência ou não dessa marca não determina o processo, porque ela pode ter sido cortada após a impressão, ou ela pode ser uma impressão em rotogravura (matriz cilíndrica) e “impressa” posteriormente com uma chapa limpa para gerar a marca.
  • Com uma lupa (15x-20x de ampliação) ou microscópio (20x-50x), uma fotogravura pode ser identificada pela presença dos grãos irregulares de água-tinta.
  • É possível notar que a tinta pousa sobre o papel, diferente dos processos fotográficos de uma camada, nos quais a imagem se forma em meio a fibra.

 

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